num trem lotado de gente em São Paulo,
ó, Grande São Paulo,
a que bem me queiras levar... não importa...
ouvi um choro nesta manhã
Esquinas tão áspera e pesada
quanto minha angústia em me ausentar
Angústia até, São Paulo, que mesmo me parece já não há
Caminho-te, São Paulo, que me carregas e que carrego por dentro
em que passo sentindo o cheiro de urina das esquinas de teu centro velho...
velho, seco, áspero... vasto – ainda - coração imbecil envelhecendo em tua própria rigidez
na lascívia falida das putas esquecidas a chamar seus tantos Ulisses pra dentro de um bar
Não te queixes na Avenida São João,
nem nas reminiscências da Maria Antônia,
São Paulo, Grande São Paulo: o furor juvenil,
o furor juvenil, ó imensa Metropolisolidão,
- afogo-me, agora em um soluço-
afogado pelas luzes dos cinemas stadiums, neutraliza-se...
não sei...
acho que já não há
Que seja, aterradora comoção humana!...
Ouvi um choro, São Paulo, tão mais romântico...
Ouvi a flauta doce dos discos do trem a polir em estribilhos o chorinho da manhã que não pedia pra chorar
Mas, choro, São Paulo... um choro, mas foram sim...
São Paulo, foram os bandolins...
Os bandolins que me tocaram o choro no ouvido quase atento
eram os cílios de uma moça
o compasso do balanço do trem,
dedos de cansaço a lhes vibrar e acalmar...
Choro, São Paulo, e embora não me chores
num minuto de silêncio inexistente,
travo em tuas pausas
atormento-me com tuas melodias
grito, se não choro...
que ouvi, nesta manhã, um choro soar.